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terça-feira, 19 de setembro de 2023

A regionalização.

Em 08 de Novembro de 1998, confesso, votei a favor da regionalização. 

Porque na altura acreditava, tal como António Costa afirma, que o nosso dinheiro será muito melhor aplicado quando estamos próximo para fiscalizar a sua aplicação.

Porque acreditei nos bons autarcas que se afirmava o país ter. Porque acreditava que os fundos estruturais europeus (FEDER, FEOGA, FSE, QCAI e QCAII ) tinham bons planeamentos e melhor aplicação. 

Porque olhava para a Europa e pensava que uma boa parte do seu maior desenvolvimento, teria sido devido às formas de regionalização que tinha desenvolvido...

Até que, no Verão de 2017, a Catalunha deu-me um banho de realidade

A possibilidade separatista baseada em exageros autonómicos eleitoralmente crescentes, manifestos interesses individuais, passividade do poder central, insensibilidade sobre economia solidária, guerra civil possível...  

De tudo isto, se viu e ouviu...

Obviamente considero um crime no século XXI a divisão de Portugal com 92.212 km2, em 308 concelhos. Terá sido útil quando se andava a cavalo e se tinha de ir a qualquer centro de decisão e voltar com a luz desse dia. 

Mas, de então para cá, nada mudou? Combóio, estradas, automóveis, camiões, aviões... não fazem diferença?

E a lei da divisão administrativa do país permanece como Mouzinho da Silveira (a quem o país muito deve*...) a definiu em 1832, há 191 anos? Como será que um poder central pode actualmente admitir concelhos distanciados entre si por meia dúzia de km ou com população inferior a 10.000 habitantes?

Acaso alguém ouviu da parte das autoridades desses concelhos qualquer sugestão ou reivindicação para alterar este estado de coisas? 

Será porque ninguém quer abdicar da sua parcela de poder, da sua capacidade de influenciar, de apoiar família e amigos? 

Tudo o que fazem ouvir é que o "interior está abandonado"... 

Claro que também assisto preocupado ao despovoamento do interior - por aí não haver empregos - apesar de lá se terem derramado desde 1986, milhares de milhões de euros, muitos deles em auto-estradas (AE) reivindicadas pela totalidade dos autarcas, para o suposto desenvolvimento do seus concelhos.

O alegado desenvolvimento não aconteceu! As AE serviram apenas para quem vivia no interior se deslocar mais depressa às cidades do litoral. 

Os autarcas do interior nunca conseguiram atrair postos de trabalho para fixar as suas populações!

Pensar, desta vez, que por qualquer arquitectura político-administrativa será possível dar a esses autarcas o "golpe de asa" que lhes falha desde 1986, apesar da brutal injecção de financiamento, único na História do país, é um ERRO.

Servirá apenas para alimentar vaidades pessoais e financiar lateralidades locais de interesse eleitoral e, a prazo, dividir politicamente o país fomentando fervores regionalistas, mais intensos em períodos eleitorais, e que não hesitarão em causificar a integridade nacional se tal, lhes for pessoalmente útil.

Os exemplos por toda a Europa são tantos e tão maus que hoje, só posso inverter o meu voto passado.

Não, a qualquer tipo de regionalização!


*https://www.infopedia.pt/apoio/artigos/$mouzinho-da-silveira