A cultura de um Povo será o conjunto de hábitos absorvidos por este durante gerações.
Cada geração terá dado o seu contributo.
A geração que educou aquela que agora termina a sua missão na Terra, entre outras coisas, habituou-se a ter, ouvir e responder a sons originados nas portas que dão acesso ao exterior. É verdade que nem sempre foram campainhas. Tempos houve, em que na porta de entrada de cada prédio era instalado um batente.
Isso mesmo. Uma peça metálica presa a uma parte superior da porta e que, com o auxílio da gravidade e da força de quem pretendia entrar no prédio, subia e descia várias vezes, batendo num topo igualmente metálico colocado logo abaixo, tantas quantas o código - número de pancadas - combinado para cada apartamento.
Em resposta, o morador ia à janela que dava para a rua e via, ou não, quem tinha batido.
Com a invenção das campainhas eléctricas e dos fechos automáticos das portas dos prédios controlados por um simples botão, qualquer um passou a ter acesso ao interior dos edifícios, com o simples expediente de tocar para um qualquer ou vários andares, aguardar - não muito tempo - até um dos ocupantes, carregar no botão que comanda a fechadura da porta, após perguntar, três ou quatro vezes, sem sucesso, por um interfone: "quem é?"
Seguiram-se os vídeo-porteiro. Acresce que por força de terceiros ou crónico mau desempenho, avariam fácil e rapidamente. E todos nos recordamos de nos baterem à porta do apartamento representantes das mais variadas religiões, publicitários, mendigos...
Ora bem: Como todos os que me conhecem têm o meu número de telemóvel, mesmo os estafetas da Uber, para que servirão ainda campainhas e vídeos à porta dos prédios? Basta ligarem-me quando estiverem à minha porta da rua e receberei com muito gosto qualquer amigo ou conhecido.
Mas outros... não.