É hoje suficientemente claro que o sistema privado cresceu e implementou-se subtraindo meios humanos a quem os tinha formado e treinado.
Baseou o seu crescimento na melhor retribuição a funcionários públicos hospitalares de onde eram, e são, originários os profissionais que aí trabalham.
Não se desenvolveu pelas suas superiores infra-estruturas, organização ou formação de meios humanos. Apenas pela regular subtracção, possibilitando duplo emprego a estes e, claro, provocando falta de pessoal no sector público hospitalar.
Mas pior: Basta ouvir um qualquer médico para, imediatamente, nos apercebermos que, em caso de doença própria e grave, o primeiro recurso a procurar pelo familiar é um hospital público. Porquê? Porque qualquer hospital privado tem apenas resposta para sectores lucrativos.
Todos sabemos que o investimento em equipamentos de recurso, dispendiosos para avaliar e/ou atenuar doenças súbitas menos comuns não se encontram nos hospitais privados.
Sabemos que vivemos numa sociedade aberta ao capital global privado. É bem-vindo, desde que não prejudique o esforço público estabelecido durante décadas. O capital privado não pode sabotá-lo, como forma fácil da sua afirmação.
Quem trabalha para o estado português não pode trabalhar para quem, na prática, o prejudica.
Pessoal de operação hospitalar tem de decidir:
Ou exclusivamente público ou exclusivamente privado!
Os impostos portugueses que financiaram a formação de pessoal hospitalar não foram pensados para financiar os objectivos - certamente lucrativos - do sistema privado.
Não pode haver qualquer tipo de acumulação de actividade profissional pública com privada e vice-versa. Há que optar!