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terça-feira, 7 de janeiro de 2025

O que te faz mais medo?

Li, em uma revista espanhola, o seguinte título: "O que te faz mais medo?". Essa pergunta intrigou-me, e decidi fazê-la a mim mesmo: o que me causa mais medo?

Com um pensamento já moldado por uma visão politicamente crítica, a primeira resposta que me veio à mente foi: "o avanço eleitoral da extrema-direita em todo o mundo, particularmente em Portugal".

Como foi possível que tantos eleitores se deixassem seduzir por discursos vazios e promessas ilusórias de pessoas sem realizações significativas no passado nem projetos concretos para o presente? 
Como acreditar num futuro melhor nas mãos de quem não apresenta passado credível?

Pensemos no caso do Chega. Como alguém pode confiar em um líder cuja experiência de destaque resume-se a movimentações financeiras para paraísos fiscais — ao que chamam de "gestor de fortunas" — e forma um grupo de deputados onde cerca de metade possui cadastro criminal? 

E assim, recebe o apoio de um milhão de eleitores?

Essa reflexão levou-me a um ponto essencial: a falta de preparação política da população em geral.

Durante a Ditadura, qualquer conversa sobre política podia levar à prisão. Para os jovens, homens, isso podia significar mobilização para as frentes mais perigosas da guerra colonial.

Com o 25 de Abril de 1974, veio a liberdade de expressão e pensamento político. Contudo, essa liberdade foi vivida com paixão, mas sem conhecimento ou formação sólida. E, como todas as paixões efemeras, acabou por se dissipar rapidamente.

Nos currículos escolares do ensino secundário, ainda hoje, falta um estudo profundo sobre sistemas políticos, suas diferenças e suas implicações. Democracia e ditadura, para muitos, são tratadas como "iguais", sem distinção crítica ou contextual.

Talvez esteja aí a raiz da indiferença política, do absentismo eleitoral e da porta escancarada para o avanço da extrema-direita. 
O vazio deixado pela ausência de educação cívica cria um terreno fértil para o crescimento de discursos que exploram medos e inseguranças, sem oferecerem soluções reais.


quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

Democracia!

Afinal o que é Democracia?
Em que tipo de terreno o sistema político eleito regularmente pelo Povo assenta os seus pilares?

As eleições regulares reflectem a expressão política da vontade popular?
Porquê os deputados não são individualmente eleitos por distrito, concelho ou grupo de concelhos, antes de serem obrigatoriamente nomeados para a lista nacional?
Acaso os deputados deverão maior obediência aos dirigentes dos seus partidos do que a quem os elegeu?
Porquê a insuficiência de metas, de prazos e de quantificações financeiras incluídas num programa eleitoral, não são legalmente puníveis?

Será porque quem faz as leis, se sente com o privilégio de não ter de cumprir promessas que livremente faz, saindo sem penalidades da situação que criou?

Quem se aproveita da visível  insuficiência eleitoral para conseguir dobrar, adiar, adulterar a vontade popular livremente expressa?

segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Mudam os tempos, mas o amor à liberdade mantém-se!


Após 1945 seguiram-se, no Ocidente alargado, "30 anos de ouro".
Graças ao "Plano Marshall", as completamente destruídas economias do Japão e Alemanha, conquistariam, 20 anos pós 1945, o 3° e 2° lugares no ranking mundial.
Nunca na História um país vencedor, terá apoiado a este nível economias vencidas, mantendo-lhes a independência política.

Nos "30 anos de ouro" no Ocidente alargado proliferaram as democracias.

Com elas, todo o tipo de eletrodomésticos, automóveis e aviões nascem e aperfeiçoam-se.
Os EUA colocam o 1° homem na Lua, a 400.000km.
Nascem serviços de saúde e educação quase gratuitos, pensão de aposentação, compra de andares em propriedade horizontal, fins de semana com dois dias, em vez de um como até então, férias de 30 dias, pagas...

A vida melhorava diariamente e o futuro seria risonho.

Cerca de 1975 porém, os estados democráticos sofrem sofrem dois choques petrolíferos e começam a sentir dificuldade em manter e/ou aumentar o "status quo" social conseguido até aí.
Neste ano é eleita no UK Margaret Thatcher e, 6 anos depois, Ronald Regan nos EUA.

Qualquer deles adopta a política económica liberal advogada pela chamada "escola de Chicago", onde pontifica o Nobel de 1976 Milton Friedman*.

Este, defende a privatização quase total das funções dos estados, nem tanto para os libertar dos encargos assumidos mas, por os considerar altamente nocivos nos preços dos serviços que prestam.

Já na altura, em entrevista, M.Friedman refere que apenas as economias de Macau e H.Kong se aproximavam do seu ideal (nunca mencionando que estas economias dependiam quase completamente do jogo e já então eram, como hoje, paraísos fiscais).

Porém, com base nestas lógicas, Thatcher e Regan desenvolvem um processo de desmembramento económico dos seus estados. 

Por esta altura, os primeiros computadores aparecem no mercado e, cerca de dez anos depois, a robotização da indústria inicia uma acumulação de capital, ímpar na História, onde um mínimo de indivíduos consegue um valor em bens igual ao do resto da humanidade.

Pior: O humano desenvolveu recentemente um processamento de informação tão rápido e eficaz, a Inteligência Artificial, que resolve em horas, o que um grupo de humanos especializado levaria anos a conseguir.


Pensamento, tanto quanto possível, independente: 

A continuidade da espetacularidade das conquistas dos sistemas democráticos entre 45 e 75 entrou em patamar económico.

As democracias mantêm sobretudo o património da máxima liberdade social possível, estudando as melhores soluções para saídas sociais úteis, face aos atuais constrangimentos de base digital, altamente favoráveis à acumulação de gigantescas fortunas e aumento do desemprego.


Faça duplo click abaixo:

*https://jacobin.com.br/2023/09/economistas-neoliberais-como-milton-friedman-aplaudiram-a-ditadura-de-augusto-pinochet/






terça-feira, 7 de novembro de 2023

E quem julga a "justiça"?

Uma dificuldade do sistema judiciário é a impunidade - e o  secretismo - da acusação.
Que acontece a quem, em nome de um organismo, acusa e posterior julgamento inocenta?

Já nem falo na morosidade, carestia ou burocracia crónicas.

Falo apenas das consequências individuais, particularmente para políticos. 

No tempo instantâneo em que o político tem que responder ao Povo e nas décadas possíveis de passar, sem que os responsáveis judiciários tenham de justificar e menos assumir, responsabilidades pela ligeireza e lentidão processuais, não raramente, até à prescrição.

Isto, não falando, que mesmo em Democracia, o Povo está impossibilitado de directamente, por sufrágio, se expressar sobre quem, em que prazos e de que modo deve actuar a justiça.

Estamos, aparentemente, muito mais numa ditadura judiciária do que numa democracia política!



domingo, 15 de outubro de 2023

ISRAEL


Há uma semana que, durante 24h/dia, apenas ouço e vejo noticiários sobre o ataque do Hamas a Israel.

Acabou, noticiosamente, a guerra na Ucrânia.

A (i)lógica mediática é sempre mais bombas, mais mortes e mais sangue...

Ninguém certamente terá ouvido nos media, até agora, os termos civilização, fanatismo ou teocracia.

Porque são importantes?

Civilização porque o que está em causa é um confronto entre uma civilização avançada e outra primária.

Fanatismo porque, função do seu primitivismo, o confronto é iniciado e apoiado por crentes na razão e protecção divina, frente a uma imensa superioridade bélica.

Teocracia por ser uma Ditadura religiosa que justifica a loucura abençoando a guerra, a morte e o sacrifício pela "causa".

A distância civilizacional - criada pela natureza entre povos a Norte possibilitando-lhes avanços tecnológicos, enquanto estagnava o "modus vivendi" a Sul - produziu ao longo da História de um lado, Estados Democráticos no outro, Ditaduras sob diferentes formas, destacando-se nestas as teocracias, as piores, que culpam os seus povos do atraso óbvio por:

- Não cumprirem rigorosamente as leis do seu Deus.
- Os povos do Norte roubarem os seus recursos naturais embora, os seus ditadores ostentem bens e atitudes luxuosas, fortemente denunciantes do oposto...

Este o quadro geral da situação actual no Médio Oriente.

Há, desde 1948, uma incursão das Democracias num  "santuário" de Ditaduras.
Foi então introduzido um "perigo": o da contaminação positiva no Médio Oriente. 

Esta a razão de Israel ter de desaparecer da face da Terra!

Os militares israelitas vão, em breve, sacrificar-se pela sobrevivência do seu Povo, Pátria e Democracia!

Por estes valores estou, absolutamente, com eles!








quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Qual o melhor regime político?

Apesar dos bons resultados exibidos pelo regime democrático na qualidade de vida proporcionada às suas populações, há opiniões que tendem a pôr em causa essa evidência:
Sugerem objeções, erros, criam críticas gerais por motivos menores...

As questões serão: 

- Onde há populações vivendo com mais disponibilidades de formação, informação e financeiras do que no regime democrático?
- Para onde se dirigem os milhares de imigrantes clandestinos ou não, oriundos de outros regimes?

Sabemos que existem regimes que se apelidam de democráticos porém, pouco mais são do que ditaduras disfarçadas.

Democracias, apesar de algumas limitações, serão as da UE, USA, Canadá, Coreia do Sul, Japão, Austrália, Israel e Brasil.

Os restantes países sejam Ditaduras, Teocracias, Monarquias absolutistas ou Narcoestados, mantêm as suas populações dominadas sob limitações de informação, armas e propaganda.

Perante esta evidência sobre a qualidade de vida das populações, permito-me perguntar: 

Quem pagará a quem, para salientar negatividades às democracias, não falando ou conscientemente deturpando as óbvias de outros regimes?




Futuro próximo!

Exageros típicos da Esquerda com promoção prioritária de temas caros apenas a alguns sectores porém intensamente mediatizados como o aborto, regionalização, LGBTs,  aceitação de qualquer tipo de imigração sem controlo de quantidade ou qualidade, onde apenas parecem importar os custos para a construção civil, poderão estar a colocá-la em causa?

Ao governar mediaticamente para lobbies, o governo esquece o seu dever prioritário: Governar, intensa e não mediaticamente, para todos!

É clara a indiferença, tolerância, compreensão e porque não, apoio, às transferências financeiras para offshore, onde já se encontra 1/3 do PIB mundial (e onde, também, se encontra o dinheiro dos tráficos de droga, armas, órgãos, diamantes, humanos...).

É imponente na arrogância e impunidade um judiciarismo dominante, incompetente, politicamente incontrolado e, aparentemente, incontrolável.

Media à solta irresponsáveis e irresponsabilizados enfim, descrédito generalizado do conceito de Democracia permitindo variadas reticências ao bom-senso, para gáudio de uma Direita revanchista condutoura de loucos e/ou assassinos ao poder tais como Trump, Bolsonaro, Modi, Jiping ou Putin.

Onde estão os sucessores dos combatentes pela Democracia Schuman, Delors, Palm, Brandt, Miterrand, González, Soares ou Obama?

Onde estão os paradigmas perdidos, repletos de objectivos a conquistar para um futuro, supostamente, melhor?



quarta-feira, 12 de julho de 2023

Poder e Democracia.

É, hoje, fácil ouvir aos jovens: "Os políticos são todos uns corruptos..."
Repetem o que ouvem a seus pais, avós e, sobretudo, aos media.

De facto, os media não sabem - porque não investigam por não lhes dar rendimento - como é a vida no interior de um partido, as lógicas internas ou o "caminho das pedras" que percorrem durante os períodos de Oposição. 
As dificuldades financeiras, os vencimentos baixos dos funcionários, as reuniões e deslocações regulares - com despesas pagas do bolso dos militantes, não pelo partido - os fins-de-semana, serões e boa parte das férias sem a família e com pouco dinheiro...

Aos media será mais fácil, rápido e rentável, corromper quem detém informação privilegiada para conseguir paragonas sobre... a corrupção dos outros.

E nunca são incomodados, porque não se questionam ou ostracizam a si próprios, os políticos temem a imagem que os media montam sobre si e, a entidade reguladora - composta por gente com afinidades mediáticas - prima por uma ineficácia confrangedora.

O relativo poder da maioria de militantes, em Democracia, é compensação temporária por anos de entrega, sacrifício mesmo, em nome de princípios em que muitos, até acreditam.

Outros há, por serem toupeiras de sistemas ou amigos de dirigentes afirmando-se como independentes, pretendem - defendendo ocultos interesses exteriores - de um só golpe, num só momento, beneficiar tanto ou mais do que quem ao longo de muitos anos se dedicou à causa. 

Aparecem mesmo como ministros, sem serem eleitos, sem que alguém pergunte por que critério ou simplesmente, porquê foram estes os nomeados pelo PM?

Que Democracia é esta onde qualquer desconhecido da política pode ser, instantaneamente, ministro? 
Sem ser eleito, sem ter contributo público reconhecido, sem nunca ter sido visto ou ser votado num partido?

E de nada os acusa a consciência... nem aos media!

A visão da vida parece reduzir-se apenas à fornecida pela janela mediática...
As pessoas já não pensam, apenas olham...

Receio pelo futuro...












quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

Lógicas de poder.

Sou, sempre fui, contra a hipocrisia direitista dos "job for the boys". Se alguém dá "tachos" aos seus rapazes e raparigas é o PSD. E de que modo... Lembro o BPN...

É da lógica partidária colocar no poder aqueles que democraticamente o conquistam e, estes, os seus correligionários. É assim que o sistema democrático funciona em qualquer parte do mundo!

Ninguém nomeia para trabalhar consigo, entender o seu objetivo político,  debater estratégias, aplicar e defender tácticas ou cumprir as suas ordens, adversários políticos ainda que "muito competentes", como a Oposição gosta de alcunhar os seus apaniguados.

Mas, uma coisa é colocar os nossos correligionários, que conhecemos há muito tempo, que construíram oposições conosco, cujas capacidades de trabalho, intervenção e interpretação reconhecemos. 

Outra, será colocar em lugares de destaque oportunistas - arrivistas, carreiristas ou amizades recentes em lugares que não merecem, que não lutaram por eles, com passados ​​desconhecidos e regra geral ocultos - em tempos alcunhados de independentes .

Pior ainda, será termos feito uma carreira "ao colo" de uma figura de proa, ganhar a sua confiança, herdar o lugar por ele conquistado e depois, ter o mau senso de conduzir ao poder -  sem conhecer minimamente o tipo de pessoa e ignorando o seu passado - alguém, apenas porque é amiga do respectivo conjuge...

Isto é de um desplante agressivo, contundente com a interpretação generalizada da Democracia no poder, um abastardamento individual do sistema, em claro proveito próprio.

Neste sistema Democrático, no Governo, apenas o primeiro-ministro tem a legitimidade do voto!

Ele tem de mostrar que manda e acabar com o sentimento de impunidade a quem, na sua sombra, não mostra espírito de disciplina, dedicação e humildade para servir a causa em que, através dele, a maioria dos cidadãos depositou o seu futuro.

António Costa deve dar um murro na mesa e mostrar quem manda, não tendo de contemporizar a sua autoridade com ambições alheias, por melhor que as entenda e lhe sejam próximas.



quarta-feira, 8 de junho de 2022

Em defesa da Democracia.


Numa breve passagem pelo mapa político do mundo, ressalta a fraca implantação democrática global.

Apenas 1, em 8 biliões de humanos vive numa Democracia funcional, sendo alguns sistemas democráticos fracos, muito mais semelhantes a ditaduras.

Um sistema nacional verdadeiramente democrático tem de assentar em 4 pilares independentes: Chefe de Estado, Governo, Parlamento e Sistema Judiciário.

Cada um destes poderes depende de sufrágio popular universal directo, em urna, realizado regularmente em intervalos de 4, 5 ou 6 anos. (Em urna, porque se informatizado, poderá ser pirateado e adulterado o seu resultado, sem haver forma de o detectar...).

Cada um deles deverá ter o seu âmbito de actuação bem definido e, em casos conflituantes, caberá ao Chefe de Estado estabelecer a melhor solução para o assunto.

Portugal apenas tem apenas 2 sufrágios populares directos em urna: Chefe de Estado e Parlamento. Os outros 2 órgãos de soberania, são designados indirectamente pela simples vontade do Primeiro-ministro um,  e o outro, resulta da soma de 17 nomes por parcelas: loby da justiça 7, o Parlamento 7, o Chefe de Estado 2 e o Presidente, eleito pelo plenário do STJ 1.

Como exemplo dos riscos da nomeação do Governo apenas pelo Primeiro-ministro aponto os casos conhecidos de Manuel Pinho ou de Paulo Núncio. 

No caso dos arranjos entre políticos para nomeação do topo do poder judiciário, parecem-me óbvias as alegadas doçura e eternização procedimental, quando crimes envolvendo políticos ficam ao abrigo de um sistema judiciário, por eles nomeado...

Em 2019 eram considerados democracias funcionais - não perfeitas - no mundo: Austrália, Canadá, Chile, Coreia do Sul, Israel, Japão, Taiwan UE, UK, Uruguai e USA.*

As restantes democracias sul-americanas e as africanas são consideradas deficientes e o resto do mundo autocracias, moderadas ou fortes.

Se dúvidas existissem, a qualidade de vida nas democracias funcionais é, globalmente, a melhor. Possibilitando aos seus cidadãos níveis de bem-estar e sensação de liberdade únicos no universo.

A prova estará no constante assédio migratório que ocorre desde a universal disseminação do telemóvel.

Daqui, a base da visão da minha política global:

Todas as democracias funcionais têm de se unir para demonstrar a sua mais-valia humana, vencendo propagandas internas autocráticas ou xenófobas, justificativas de guerras, massacres e destruição, assassinando jovens a quem é ordenado combater e desmoronando o futuro dos sobreviventes.

Porém, nunca colocando em causa o bem-estar e fortuna dos mandantes dessas tragédias.

As insuficiências apontadas às democracias funcionais por opositores, regra geral, sem compararem o muito que elas oferecem aos seus cidadãos, face ao quase nada facultado por outros sistemas é, no mínimo, faccioso, injusto e mal intencionado!


*https://www.poder360.com.br/internacional/estudo-mostra-onda-de-retrocesso-em-democracias-pelo-mundo/




quarta-feira, 23 de março de 2022

A Europa e a energia II.

 

Do último post, ressalta uma diferença significativa:

Embora com menos 20 milhões de habitantes e um PIB (2021) de 36.520€ per capita, a França dá hoje à Europa uma muito superior perspectiva de desenvolvimento do que a Alemanha com seus 83 milhões de habitantes e um PIB (2021) de 49.920€ per capita, 37% acima do francês. 

A razão residirá no erro estratégico alemão de, ao invés de apostar decisivamente na sua autonomia energética, optou pelo imediatismo fácil da compra de hidrocarbonetos ao exterior, tornando dependente dessa aquisição quase 50% da sua economia. 

Porque a Alemanha o terá feito? 

Pela corrupção dos dirigentes alemães que beneficiaram com esse negócio. Pela passividade dessa mesma clique dirigente em desenvolver alternativas que, protegendo o ambiente, assegurassem também a independência energética alemã. Pela exigência eleitoral dos partidos verdes em terminar rapidamente com centrais a carvão, gasóleo e nucleares, sem planeamento alternativo sustentado.

Fácil será concluir que tudo correu da melhor forma para Putin. 

Financiou a sua economia anémica, preparando e consumando diversas agressões militares a vizinhos.

Uma vez mais a ambição, corrupção e megalomania de aventureiros no poder, provocaram a morte a muitos e condenaram o futuro a todos.

A Democracia não pode continuar a permiti-lo !!!




 



quinta-feira, 10 de março de 2022

O sexo dos anjos

Quando, em Maio de 1453, Maomé II, "O conquistador", entra em Constantinopla não sabia que estava a interromper importantes debates sobre o sexo dos anjos, promovidos pelo senado do Império Romano do Oriente, que via assim o seu fim.

Certamente que para os senadores romanos o assunto era muito importante!

Mas acima da importância que estes lhe atribuíam estaria, com certeza, a importância da sobrevivência do seu estado.

Isto para derivar para o actual "caso alemão". Muito acima das razões que pudessem justificar a dependência a 45% da economia alemã do gás russo, está a perenidade da Democracia!

E quais os factores "sexo dos anjos" que os dirigentes alemães consideraram nessa comprometedora decisão?

A crença do Schroeder do empenho do ex-KGB Putin em cumprir promessas?

O interesse financeiro de Schroeder em ser nomeado presidente da russa Gazprom?

A pressão do capital alemão em ter combustível barato para competir internacionalmente?

A pressão climática para colocar fim aos restantes combustíveis tradicionais?

Qualquer que fosse a motivação, pessoal, económica ou ambiental, o mais elementar bom-senso no interesse do sistema democrático NUNCA poderia permitir tamanha dependência de um só fornecedor externo, de matéria fundamental à cadeia de produção nacional.

Um erro infantil cometido por dirigentes considerados dos mais pragmáticos, numa das maiores potências económicas globais.

Que a História o registe. E sublinhe!



quarta-feira, 2 de março de 2022

Democracia versus Oligarquia, Teocracia...

 

Continuamos e continuaremos a assistir à resistência das várias tiranias da História ao avanço da Democracia.

Aos autocratas, o interesse comum só importa enquanto lhes permite continuar a enriquecer. De facto, tornam-se insensíveis aos direitos de subsistência dos povos que manipulam, enquanto vorazes, saqueiam riquezas nacionais. Não são raras as vezes que promovem quezílias regionais, culpando vizinhos, visando distrair as atenções dos seus nacionais, permitindo-lhes manter o poder.

Esses povos têm, por isso, os piores índices de qualidades de vida.

Já as democracias não promovem ódios entre estados e têm o poder político minimamente controlado e refrescado. Estes sistemas promovem entendimento regional, as sinergias e criam plataformas de mútuo apoio económico internacional. 

Como resultado, os povos que praticam a Democracia detêm os melhores valores de qualidade de vida.

Por isto, a proximidade da Democracia a qualquer regime autocrático é perigosa para este. É necessário criar "razões" para a manter afastada, para a cleptocracia institucional não ser perturbada.

E será esta, e apenas esta, a real razão para a criação de "estados-tampão".

Pátrias, nacionalismos, racismos, autodeterminações e afins, são apenas "cortinas de fumo" da História.