Nada tenho pessoalmente contra os media. Creio mesmo que são essenciais no desenvolvimento dos sistemas democráticos como pilares fiscalizadores e esclarecedores de situações que o mereçam.
Já contra a libertinagem de imprensa, tenho tudo.
Ninguém duvida da completa dependência económica privada dos media - a RTP, além desta, é subsidiada pelo estado anualmente, com parte importante dos 200 milhões de euros para o audio-visual, pagos por nós mensalmente na factura de electricidade - obrigando-os a reduzir, tanto quanto possível, notícias desagradáveis aos seus accionistas, focando a insinuação, o destaque, a repetição dos temas diários de conversa social, apenas e só, sobre os apregoados erros do estado democrático.
Incrivelmente este é o único sistema político que encolhe os ombros à libertinagem mediática.
Hoje ainda, a divulgação mediática de um ofício da fornecedora de 45% do gás adquirido pela Galp (mais um erro astronómico de gestão de fornecimento em favor do lucro da empresa), apresentando como motivo da falha de futuras entregas de gás, as consequências de inundações que ocorriam na Nigéria.
Ocorriam? E ninguém sabia de nada? Pensei logo em desculpa de mau pagador da Nigéria LNG, para não cumprir o contracto com Portugal e conseguir melhores preços num mercado em escassez do produto.
Mas não! Dois dias após o ofício da empresa se tornar público, os media nacionais incluíram nos noticiários grandes inundações na Nigéria, os quais já teriam provocado 600 mortos e o caos generalizado nesse país.
Porém, nada haviam referido. Não interessaria aos seus accionistas aquela desgraça. Outras mais suculentas, encheriam os noticiários. 600 mortos? Não têm interesse mas, um assassínio qualquer em terras lusas, dá direito a reportagem local e é repetida várias vezes por dia (Nem refiro o estafado racismo aparente). Só aquando do surgimento do aviso da provável falha de fornecimento é que as cheias na Nigéria foram referidas. Como notícia. Requentada, claro.
Também será esclarecedor da moralidade mediática, os vencimentos principescos pagos a quem diariamente dá a cara repetindo ser o salário mínimo muito baixo...
Libertinagem e liberdade de imprensa não podem ser confundidas.
Aqui, como em qualquer sector da vida, libertinagem deve ser reprimida.
Só liberdade com responsabilidade, pode existir.