Cavaco Silva, esse mestre da invisibilidade financeira, conseguiu o feito notável de enganar o povo português duas vezes — e não foi com trocos: entre o BPN e o BES, voaram 18 mil milhões de euros. Um verdadeiro mágico: transforma bancos falidos em dívidas públicas com um estalar de dedos e um sorriso tecnocrático.
Mas não ficou por aí. Agora, com elegância de padrinho institucional, endossa Luís Montenegro, homem de princípios... especialmente quando se trata de combater leis que atrapalham os negócios de família.
Afinal, por que razão haveria o Estado de impedir que ministros e seus parentes até ao segundo grau tenham mais de 10% de quotas empresariais?
Que ideia mais antidemocrática!
Montenegro opôs-se a essa lei com bravura — quase como se defendesse um direito humano fundamental: o direito à promiscuidade entre negócios e governação.
Cavaco e Montenegro: uma herança que se passa, não de geração, mas de gestão.
Portugal agradece. E paga, claro. Sempre.