domingo, 4 de maio de 2025

Para que o mundo não esqueça...!

Em 2016, veio a público um caso que gerou grande polémica em Portugal: entre 2011 e 2014, enquanto Paulo Núncio era secretário de Estado dos Assuntos Fiscais no governo de Pedro Passos Coelho, foram transferidos cerca de 10.000 milhões de euros para paraísos fiscais sem que essas operações fossem devidamente comunicadas ao Parlamento nem à opinião pública. Este "apagão fiscal", como ficou conhecido, teve como epicentro o desaparecimento de estatísticas que deveriam ter sido publicadas pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).

A falha na divulgação foi atribuída a uma alteração interna nos procedimentos de reporte. Paulo Núncio reconheceu que autorizou a suspensão dal publicação dessas estatísticas, mas garantiu que a decisão foi técnica e sem intenção de encobrir informações. No entanto, o impacto foi tal que milhares de transferências para offshores escaparam ao escrutínio institucional e mediático durante anos.

Perante o escândalo, o Ministério Público abriu um inquérito para averiguar eventuais responsabilidades criminais. 

O MP deveria estar a escutar as conversas de Sócrates... 

A Inspeção-Geral de Finanças e o Tribunal de Contas também foram chamados a intervir. 

A Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças promoveu audições para apurar responsabilidades políticas, incluindo a do próprio Paulo Núncio.

Apesar das diligências, até hoje não foram atribuídas culpas criminais claras. 

O caso levantou sérias questões sobre transparência fiscal, responsabilidade política e a eficácia dos mecanismos de controlo em Portugal. 

Para muitos, o episódio foi um símbolo da opacidade que ainda pode marcar a gestão pública em áreas sensíveis como a fiscalidade e o combate à evasão.

Não se preocupem: Não é por acaso que o Núncio foi secretário de estado do Mnegro e este  como sabemos é honestíssimo.

Palavra de Cavaco!

sábado, 3 de maio de 2025

"Cada português que se preza"

 

Este o título de um texto de Miguel Torga que, em poucas palavras, retrata a maioria de nós.

Uma maioria que vota pelo que parece e não pelo que precisa...

Recordo o caso Isaltino de Morais: Era presidente de uma câmara com uma percentagem considerável de quadros, como eleitores. 
Uma denúncia de corrupção colocou Isaltino na cadeia.
Pois bem: uma vez à solta, o ex-condenado recandidata-se e... ganha de novo...!

Um concelho que reelege um corrupto condenado, tem seguramente sintoma de masoquismo colectivo, corrupção colectiva ou ignorância ética.

Este resultado, talvez único em sistemas democráticos, é prova que, em Portugal, a ética coletiva promove e ajoelha perante a corrupção.

A maioria vai julgar agora, em eleições, um candidato a PM que, enquanto PM e com todo o descaramento, ocultou, mentiu e enriqueceu recebendo através de uma firma sua (que passou para familiares diretos) dinheiro de empresas privadas com contratos com o estado.

Viver em Democracia é ser ético!

Aplaudir a esperteza saloia é conivente com golpe de vigaristas.

Veremos quem consegue a maioria...

Embora não seja um poema no sentido tradicional, é um texto profundamente crítico e literário, onde Torga reflete sobre traços do caráter nacional português.

Eis o excerto completo:

"É escusado. 

Cada português que se preza é uma muralha de suficiência contra a qual se quebram todas as vagas da inquietação.

Conhece tudo, previu tudo, tem soluções para tudo. 

E quando alguém se apresenta carregado de dúvidas, tolhido de perplexidades, vira-lhe as costas ou tapa os ouvidos. Um mínimo de atenção ao interlocutor seria já uma prova de fraqueza, uma confissão de falibilidade. 


Quanto mais apertado o seu horizonte intelectual, mais porfia na vulgaridade das certezas que proclama. 

Não à maneira humilde e cabeçuda dos que se limitam a transmitir sem análise um saber ancestral, mas como um presumido doutor, impante de mediocridade."
— Miguel Torga (1909-1995) in Diário (1979)





Descaramento...!

Desde que a internet nasceu a banca terá sido o principal beneficiário das facilidades que esta trouxe. Desde tranferências de ...