quarta-feira, 18 de junho de 2025

Fim do dollar?


O Banco Popular da China surpreendeu o mercado ao anunciar que o sistema de liquidação transfronteiriça para o yuan digital (RMB, Yuan Chinês) passará a estar totalmente interligado com dez países da ASEAN e seis países do Oriente Médio. 
Na prática, isso significa que cerca de 38% do volume de comércio global poderá contornar o sistema SWIFT - historicamente dominado pelo dólar americano - e entrar numa nova fase: a “era do yuan digital”. 

Este movimento financeiro, que a revista The Economist já apelidou de "a batalha de Bretton Woods 2.0", está a reescrever as regras fundamentais da economia global através da tecnologia blockchain.

Enquanto o SWIFT ainda apresenta prazos de 3 a 5 dias para liquidações internacionais, a plataforma de moeda digital criada pela China reduz esse tempo para meros 7 segundos. No primeiro teste prático entre Hong Kong e Abu Dhabi, uma empresa conseguiu pagar um fornecedor no Oriente Médio usando yuan digital: os fundos foram transferidos em tempo real, sem necessidade de passarem por até seis bancos intermediários como antes, graças ao uso de um livro-razão distribuído. O resultado? As taxas de transferência caíram 98%.

Esta nova capacidade de realizar pagamentos instantâneos coloca o sistema tradicional de liquidação, sustentado pelo dólar, numa posição de obsolescência tecnológica e operacional, marcando um ponto de viragem na disputa pelo futuro das finanças globais.


O que mais preocupa o Ocidente é a força técnica da moeda digital da China. A tecnologia baseada em blockchain não apenas torna as transações rastreáveis, mas também aplica automaticamente regulamentações contra lavagem de dinheiro. 

No projeto "Dois Países, Dois Parques" entre a China e a Indonésia, o Banco da Indústria usou o yuan digital para concluir o primeiro pagamento internacional, e o processo, desde a confirmação do pedido até o recebimento dos fundos, levou apenas 7 segundos, 100 vezes mais rápido que os métodos tradicionais. 

Essa superioridade técnica levou 23 bancos centrais ao redor do mundo a participar ativamente dos testes da ponte da moeda digital, com comerciantes de energia do Oriente Médio reduzindo os custos de liquidação em 75%.

O impacto profundo dessa revolução tecnológica está na reconstrução da soberania financeira. Quando os Estados Unidos tentaram impor sanções ao Irão usando o sistema SWIFT, a China já havia estabelecido um circuito fechado para pagamentos em yuan no Sudeste Asiático. 

Os dados indicam que o volume de liquidação transfronteiriça em yuan entre os países da ASEAN ultrapassou 5,8 trilhões de yuan em 2024, um aumento de 120% em comparação a 2021. Seis países, incluindo Malásia e Singapura, incorporaram o yuan em suas reservas cambiais, e a Tailândia concluiu a primeira liquidação de petróleo usando o yuan digital. 


Esta onda de “desdolarização” levou o Banco de Compensações Internacionais a declarar: “A China está a redefinir as regras do jogo na era das moedas digitais”.

Mas o que realmente chocou o mundo foi o planejamento estratégico da China. O yuan digital não é apenas um instrumento de pagamento, mas um suporte técnico para a Iniciativa do Cinturão e Rota. 
Em projetos como a Ferrovia China-Laos e a Ferrovia de Alta Velocidade Jacarta-Bandung, o yuan digital é profundamente integrado ao sistema de navegação Beidou e às comunicações quânticas para construir uma “Rota da Seda digital”. 
Quando as montadoras europeias usam o yuan digital para liquidar remessas de carga pela rota do Ártico, a China está aumentando a eficiência comercial em 400% por meio da tecnologia blockchain. 

Essa fusão da realidade e do digital representa uma ameaça sistemática ao domínio do dólar americano pela primeira vez.

Hoje, 87% dos países no mundo concluíram sua adaptação ao sistema de yuan digital, e os pagamentos internacionais ultrapassaram US$ 1,2 trilhão. Enquanto os Estados Unidos ainda debatem se as criptomoedas ameaçam a posição do dólar, a China construiu discretamente uma rede de pagamentos digitais que abrange 200 países. Essa revolução financeira silenciosa não diz respeito apenas à soberania monetária, mas também determina quem controlará a força vital da economia global no futuro!

Esta é uma grande notícia e significa que a “desdolarização” está acontecendo em grande escala e pode remodelar completamente o mundo.

Recordando: 
Quando Saddam Houssein, então presidente do Iraque, afirmou publicamente que as transações de petróleo do Iraque passariam a ser processadas em Euros em vez de dollars, aconteceu a invasão americana do Iraque no dia seguinte...

E agora?

terça-feira, 17 de junho de 2025

Democracia?


Sabemos que vivemos em Democracia.
Mas quais são as traves-mestras deste sistema político?

A primeira é a aceitação generalizada da alternância pacífica do poder.
Segue-se a periodicidade quadrianual das eleições universais para a formação de governos.
Outra pedra angular é a liberdade de opinião e de associação individual.
Outros princípios adaptam-se a cada país, considerando a sua História e as suas especificidades locais.

No entanto, Portugal é uma das democracias onde se verifica maior distância entre o formalismo eleitoral e a vontade real dos eleitores.

O eleitor português não escolhe nominalmente o deputado que o vai representar.

Vota, sim, numa lista de nomes arranjada pela direção do partido - uma lista onde muitas vezes figuram candidatos desconhecidos, especialmente nos grandes círculos urbanos - sem que o eleitor compreenda quem são, nem o que defendem.

Frequentemente, o eleitor ignora por completo o currículo do candidato.

Assim, corre-se o risco de, ao votar em listas, votar em alguém que tenha simplesmente “comprado” o seu lugar na lista, financiando o partido ou agradando ao seu dirigente máximo representando, na prática, interesses contrários aos do próprio partido ou dos seus eleitores.

Outras vezes, trata-se de um qualquer familiar, por afinidade ou por conveniência, de um dirigente partidário, sem experiência política nem serviço prestado ao partido.

Ainda mais grave, será o que sucede na nomeação dos ministros: o líder máximo escolhe nomes para cada pasta segundo o seu critério pessoal, sem qualquer voto universal e direto que legitime essas escolhas...

Assim, qualquer interesse económico que vise influenciar o primeiro-ministro pode, sem dificuldade, ter o seu representante sentado à mesa do Conselho de Ministros.

Após 7 revisões constitucionais porque será que NINGUÉM falou, fala, destes engodos brutais para o sistema democrático?

As eleições servem para respeitar a vontade do eleitorado ou para instalar uma nova nobreza sob a capa democrática eleitoral?






segunda-feira, 16 de junho de 2025

Cultura: O que é?



Que é, de facto, cultura?


Será apenas o que cada um de nós vai aprendendo ao longo da vida, moldado pelas experiências, pelas memórias e pelas lições que guardamos?

Ou será, sobretudo, o conjunto de valores, crenças e tradições que uma sociedade constrói, preserva e transforma ao longo do tempo?
Talvez seja também o reflexo das escolhas que fazemos, cada vez mais informadas por novos horizontes que se abrem diante de nós — viagens, leituras, encontros, debates.

Poderá ainda ser o que absorvemos, muitas vezes de forma acrítica, dos múltiplos noticiários, redes sociais e vozes que nos invadem a cada instante, moldando opiniões, medos e sonhos?

Cultura será a música que herdamos dos nossos avós, mas também o silêncio que aprendemos a respeitar quando ouvimos o outro.

É o livro antigo na estante e o artigo digital partilhado em segundos.

É o quadro num museu, mas é também o mural na rua, o grafiti, o protesto pintado num muro esquecido.

É a tradição, mas é também ruptura.
É festa e é luto.

É aquilo que aceitamos sem questionar, mas, mais ainda, o que decidimos reinventar.

Talvez cultura seja, em essência, a ponte entre o que fomos, o que somos e o que sonhamos ser.

Será a imagem da herança pela qual, o futuro nos avaliará!

Um património vivo, frágil e forte, que se alimenta de liberdade, de diversidade e, acima de tudo, de diálogo.


Num tempo em que a informação se confunde com opinião, urge voltar a perguntar: que cultura queremos construir?


Uma cultura de consumo rápido e descartável ou uma cultura de sentido, que educa, inspira e emancipa?


É sobre isto que devíamos conversar mais — nas praças, nas escolas, em casa, na política.


Porque, no fim, a cultura é a expressão mais fiel da nossa humanidade.


Mas será, sempre, o espelho do mundo que decidirmos deixar a quem vier depois de nós.




 




domingo, 15 de junho de 2025

Segurança nas escolas!



Tudo começou nos Estados Unidos e rapidamente se espalhou pela Europa.
Recordo as fraudes e a falência do Lehman Brothers, bem como a renacionalização das agências de crédito imobiliário Fannie Mae e Freddie Mac, que estiveram na origem da crise financeira de 2007/2008 — conhecida nos EUA como Eurocrisis, apesar das suas causas estarem enraizadas no sistema financeiro americano.

Presumo que até a vaga de violência em escolas secundárias terá começado por lá…
Seja como for, importa refletir seriamente sobre como podemos pôr fim a esta espiral de violência juvenil.

Aqui deixo o meu contributo:

Tal como se instalaram detectores de metais nos aeroportos e na Assembleia da República, por que razão não se pondera a sua instalação também à entrada das escolas?

Cada escola teria uma única entrada, onde todos os alunos passariam individualmente por uma cabine de vidro à prova de bala, equipada com portas duplas automáticas.
Caso fosse detetado algum objeto metálico suspeito, as portas fechariam automaticamente, isolando o indivíduo até à chegada das autoridades.

É uma proposta simples, concreta e preventiva.

Se a segurança dos deputados é inquestionável, por que motivo não o será também a segurança das crianças e jovens nas nossas escolas?


sábado, 14 de junho de 2025

Símbolos do mundo de hoje.


Vivemos num tempo marcado por inversões simbólicas e aéticas profundas, onde figuras como Trump, Hamas e Greta Thunberg se tornam ícones de um mundo em crise — não pelas soluções que propõem, mas pelas tensões que representam. 

Donald Trump, com traços amplamente associados à psicopatia social — ausência de empatia, manipulação, culto do ego — tornou-se modelo de sucesso político. A impunidade com que actua projeta uma nova ordem: quem grita mais alto, mente melhor e domina os media vence, independentemente das consequências.

O Hamas, grupo terrorista que instrumentaliza o desespero e a religião, tornou-se um símbolo de resistência para uns e de horror para outros. Em vez de vias diplomáticas ou políticas, a violência torna-se ferramenta legítima num mundo que nunca conheceu o respeito devido à justiça e à construção democrática. O recurso à brutalidade deixou de ser excepção: é estratégia, celebrada e apoiada em manchetes mediáticas.

Greta Thunberg, por outro lado, representa a apropriação de uma condição neurológica – o espectro do autismo – como força moral e legitimadora de uma mensagem. A sua obstinação ecológica, embora relevante, tornou-se símbolo de um discurso único, intolerante, quase religioso. A obsessão, aqui, é glorificada como pureza, num mundo que já não tolera nuances.

Vivemos em distopia, onde o crime já não choca, o extremismo se justifica e a rigidez mental se transforma em virtude. 

O trabalho árduo cede espaço ao oportunismo, a construção à destruição, o diálogo ao grito. 

Esta sociedade, cada vez mais hedonista e improdutiva tenta adiar o confronto com a decadência, que ela mesma alimenta. 

O futuro não é incerto: vem aí a factura inevitável de uma ética socialmente dissolvida, a par da imoralidade mediaticamente promovida !





sexta-feira, 13 de junho de 2025

Estados, sim. Bem separados, também...!

Quem escreve ou fala para terceiros com regularidade, defende por vezes posições que podem parecer a quem ouve, menos sustentadas logo, necessitando esclarecimento.

É minha convicção que qualquer opinião, será sempre um apoio a decisões alheias se minimamente sustentadas por base académica, contraponto forte ou lógica social conhecida.

Tento assim basear a minha resposta a e-mails com perguntas sobre a situação palestino israelita e a minha posição, contrária ao - aparente - aumento universal da simpatia pela "causa" do Hamas.

Em termos gerais:

Dois países geograficamente vizinhos, diz-nos a História recente, mostram recorrer ao conflito armado sempre que os seus dirigentes se mostram incompetentes para resolver pacificamente problemas internos ou ambições de engrandecimento. 

Estes conflitos não ocorrem se existir um estado forte de premeio.

Em termos locais:

O estado de Israel foi fisicamente oferecido à diáspora judaica pós - II GMundial por uma das potências vencedoras, o UK, em parte compensando a comunidade judaica pelo Holocausto que haviam sofrido às mãos de Hitler.

O UK, por ter tido na região um oponente de peso - o mufti al-Husseini, amigo declarado de Hitler - opta por oferecer território aos judeus, para aí construírem o estado da sua nação.

A Palestina tem habitantes de várias origens - contorno aqui as ligações bíblicas - maioritariamente otomana e, já no século XX, opta pela identidade palestiniana, consolidada especialmente após a criação do Estado de Israel em 1948 e subsequentes tensões e conflitos Israel-Árabes.

(duplo click)

Toda a actual atrocidade militar de Israel sobre civis e infraestruturas é indisculpável, por radical e sobremacista porém, são inesquecíveis, por parte do Hamas:

- A péssima aplicação de fundos internacionais destinados ao desevolvimento pacífico, em centenas de kms de corredores subterrâneos, sob  escolas, hispitais e madrassas, visando ocultar material bélico.

- O ataque surpresa a Israel, matando 1000 jovens civis e raptando 200 pessoas entre elas bébés, recusando a sua libertação, mesmo após as suas mortes.

- Os seus soldados não usarem uniformes, para facilmente se misturarem com a população civil aparentando que o inimigo apenas aniquila civis.

A posição face ao problema que me parece correcta:

Palestina e Israel não poderão ser territórios em Paz, enquanto:

1 - Forem estados com fronteira comum.

2 - Israel tentar ocupar territórios palestinianos para os colonizar.

3 - Os palestinianos forem tidos como motivo para atacar Israel por países árabes como o Irão, Catar e afins.

O que pode e deve ser tentado e conseguido:

A - Israel deve ter como prioridade política a compra de território de área não inferior à da Palestina para aí radicar os palestinianos. 
A História tem vários exemplos de compra e venda de territórios entre estados...

B - Esse território não pode ter fronteiras comuns com o estado de Israel.

C - Assegurar que esse território tem condições de habitabilidade iguais ou superiores às da Palestina, instalando aí infraestruturas de desenvolvimento e, se solicitado, proteger a sua evolução durante 30 anos.

D - Presumo, como solução imediata, que um corredor W-E, com 50Km de largura, do Mediterrâneo até à Jordânia, sob controle da Jordânia/outro(s) estado(s), poderá ser fronteira.











Descaramento...!

Desde que a internet nasceu a banca terá sido o principal beneficiário das facilidades que esta trouxe. Desde tranferências de ...