quinta-feira, 31 de julho de 2025

A dissuação da força.


Acordo, febril, com o estrondo das labaredas na tv, mais um incêndio florestal. 

Ontem, ouvi alguém lamentar outro fogo, iniciado às 21h30, quando o sol já se punha e o calor diminuía. 

Li que cerca de 85% dos incêndios são propositadamente provocados. 

Os media focam-se nos fogos na UE e nos EUA, mas onde estão as reportagens sobre incêndios de grande magnitude na África, Rússia, China ou Índia?

A memória falha. As labaredas parecem serem exclusivas de regimes democráticos...

Outro barulho me incomoda, além da febre: o trânsito incessante na 2ª circular. 

E então, um pensamento: por que incendiários, loucos, assassinos, com todas as suas paranóias, nunca arriscam atravessá-la?

Parece que planeiam e encobrem seus atos tresloucados, e nunca cruzam a 2ª circular. 

Talvez entendam que no fogo-posto o risco é mínimo; as penas são brandas, reduzidas a metade, e como não têm recursos, não arriscam prejuízos. 

Mas atravessar a 2ª circular significa arriscar a vida; se não morrem, provavelmente ficarão num hospital, com ossos quebrados.

A loucura tem limites, e esse limite é o castigo previsível

As leis e sua aplicação são um convite à impunidade. 

Castigo mínimo para terror máximo!

Como Edmond Burke disse: 

"Para que o mal triunfe, basta que o bem nada faça." 

E o "bem", em Portugal, parece trabalhar para que o mal triunfe.

Aparenta ser útil, mas parece consegui-lo apenas  pela repetida generalização do mal.

Será mais "necessário" e quem representa o "bem" ganhará ainda melhor.

A inação diante da tragédia ecoa mais alto que o barulho das chamas.





quarta-feira, 30 de julho de 2025

Crime colarinho branco (CCB)

Ah, o crime de colarinho branco… essa modalidade olímpica onde se compete não pela medalha, mas pela morosidade dos tribunais e pela arte de desaparecer com milhões sem deixar rasto — ou melhor, deixando rastos suficientes para garantir entrevistas e cargos de consultoria mais tarde.

Tudo começa com o sagrado “princípio da inocência”, essa almofada de penas finas que envolve ternamente os suspeitos — perdão, os injustamente perseguidos — durante décadas.

Enquanto isso, os processos dormitam em estantes ministeriais, como bons vinhos à espera de envelhecer… até prescreverem, claro.

E depois há o maravilhoso mundo dos offshores. 

Ah, que delícia! 

Enviamos cartas, pedidos de colaboração internacional, rogativas com todos os selos e fitas douradas. 

E o que recebemos de volta? Silêncio!

Um silêncio tão profundo que chega a ser poético: "Desculpe, não temos informação sobre o beneficiário final da empresa XYZ Holdings Unlimited...". 

Que surpresa...! 

Nunca ninguém pensou que uma firma chamada “XYZ Holdings” sediada numa ilha de 3 km² não tivesse um dono verdadeiro!

Afinal, quem somos nós para perturbar a liberdade empresarial global? 

Investigar é um abuso, uma castração da liberdade, uma limitação ao enriquecimento visível, fácil, insolente.

Reduzam o IRC que ele precisa aumentar a conta offshore...

E exigir transparência - quando é exigida - é quase um insulto à criatividade dos que conseguem esconder milhões em três tempos com recurso a seis intermediários, uma caixa postal e um advogado com escritório num bungalow.

No fim, o colarinho continua branco, impecavelmente engomado, a desfilar tranquila e desafiante pelos corredores do poder exemplificando com enriquecer sem consequências sensíveis, à custa dos patetas que nele votaram ou do amigo (e cúmplice?) nomeado que ele motivou...

A justiça, essa, fica ali no canto… à espera que um dia também ela possa abrir conta num offshore.



segunda-feira, 28 de julho de 2025

O país do Dunning-Kruger

Os US parecem merecer o epitáfio de DK land (Terra de Dunning-Kruger).
Mas porquê Dunning-Kruger (DK)?
O efeito de DK é uma deriva de percepção comum a pessoas com poucos conhecimentos numa área específica, garantem certezas, enquanto os verdadeiros especialistas nessa matéria mostram dificuldades em as afirmarem como tal.

Basicamente, pessoas que sabem pouco sobre um assunto tendem a afirmar que sabem muito, e pessoas que sabem muito sobre esse mesmo tema tendem a achar saberem menos do que realmente sabem. 

As certezas dos 70 milhões eleitores de Trump serão vítimas de ignorância política inflamada porém, capazes de matar - como já o fizeram - por ele.

Já aqueles que votaram Kamala, percebem bem que política é mais do que ditos jocosos, acusações inconsequentes ou negócios pessoais no poder...

Infelizmente, os atingidos pelo Dunning-Kruger estão espalhados pelo mundo e são cada vez mais...







sábado, 26 de julho de 2025

Imigrantes e saúde


Não só em Portugal como em toda a Europa, algumas doenças que  ao longo dos anos os europeus foram erradicando, surgem de novo.

É natural, porque nas origens da imigração que a Europa atualmente acolhe, essas doenças são endémicas por  nesses países, os sistemas de saúde serem frágeis ou inexistentes.

A questão que me espanta é: os governos, tão preocupados estão na quantidade de imigrantes que os países acolhem mas, desinteressam-se pela saúde dos mesmos no caso, da vacinação básica.

Qualquer pedido de permanência na Europa só deve ser autorizado após a existência de um boletim de saúde com vacinação actualizada, em nome do requerente.





quinta-feira, 24 de julho de 2025

Futebol


Recordo — com saudade e sem ironia — os tempos em que o SLB e o FCP conquistavam a Europa.

As equipas mantinham os jogadores durante anos, como quem cultiva uma vinha: com tempo, paciência e amor à camisola.

Os adeptos iam ao estádio, compravam bilhetes e, imagine-se, sustentavam os clubes com a sua paixão.

Hoje é outro o campeonato. Literalmente.
Mais de trinta anos depois, os títulos europeus são lendas contadas aos netos.

Os jogos? Estão todos na TV, embrulhados em horas de programas onde ex-jogadores viram filósofos, os canais perseguem autocarros como se fossem carruagens reais e onde se discute, com ar sério, quantas vezes um lateral pisca o olho antes de cruzar.

Os grandes protagonistas? 

Já não são os craques. São os intermediários!

Vendem sonhos, compram ilusões e levam comissões.

Muitas...!

Têm carteiras cheias, clubes com dívidas e uma fé inabalável: a de que a torneira, da alienação, nunca secará...

Há emblemas que trocam de equipa como quem troca ilusões: Uma nova a cada semana.

O dinheiro corre veloz, muitas vezes em direção a sítios onde o sol brilha mais... e os impostos menos.

Gosto de futebol. Ainda.
Do jogo, da bola, do grito espontâneo.

Agora, apaixonar-me por este circo financeiro? 

Obrigado, mas passo. 

Prefiro um jogo entre amigos. Sem VAR...
















domingo, 20 de julho de 2025

Todos comentam...



Toda a gente comenta...
Mas poucos condenam devidamente Ricardo Leão.

Leão é culpado! Não por deitar barracas abaixo mas, POR TER DEIXADO CONSTRUÍ-LAS.

A fiscalização da C.M. Loures deve responder pela omissão, cumplicidade e desleixo na fiscalização dos terrenos do Talude, nos quais deveria saber não ser permitida qualquer construção.

A solução do problema:

Os cerca de mil pedidos de habitação social que Loures, e em muitas outras regiões do litoral do país também têm, parecem ter solução rápida, económica e eficaz.

Claro que não agrada ao loby da construção civil  que, aparentemente, dirige as intenções de investimento governativo e autárquico para habitação. 
Principalmente por isso, temo pela sua pacífica e lógica aceitação.

Existem, em Portugal, casas - vivenda - pré-fabricada, T3, à venda por menos de 40.000€. 

Um terreno público e transportes fáceis, permitiriam à maioria das famílias uma vida e habitação dignas, por custos mínimos, muito distantes das atuais.

A garantia de pagamento da renda ao município seria dada pela entidade patronal do inquilino - suportada por seguro colectivo - através de desconto direto no salário deste, até atingir o total agora pago pelo município, incluindo juros de lei, até ao momento em que totalizasse o custo da casa.

Porque não acontece? 

Provavelmente porque a venda de um apartamento T3 nos arredores de qualquer centro urbano, ainda que de construção "social" custará, no mínimo, 200.000€ à câmara que o adjudicar.

-Adivinhem quem ganha brutalmente com isto? 

-O que obrigará as câmaras a nunca considerarem pré-fabricados?

-Porquê o programa eleitoral de qualquer força política concorrente às autarquias, nunca apresenta o montante de verbas previstas para investimento em habitação social?









sábado, 19 de julho de 2025

TAP versus SNS

 


É do conhecimento geral que "salvar" a Tap implicou uma injeção de 3.200.000.000 €, há alguns meses atrás.

Há cerca de um mês, inaugurou-se um hospital público em Sintra, com construção iniciada há oito anos o qual, segundo vários media, custou 82.000.000 €.

Facilmente se conclui que salvar a Tap custou aos portugueses 39 novos hospitais...

E se esta é importante para manter ativas vários pequenos negócios privados, sem dúvida 39 hospitais seriam inestimáveis para manter vivas e saudáveis milhares de pessoas que pagam, descontando durante toda a vida, para terem assistência médica e tal parece ser caro...


A desculpa oficial de que "não há médicos" é de um cinismo atroz:

Eles existem mas imigram - frequentemente - para o UK para a Alemanha e para hospitais privados nacionais, sem que qualquer destas entidades pague a formação desses clínicos suportada pelos impostos dos portugueses sem qualquer alternativa pecuniária equivalente.

O governo português poderia, se estivesse empenhado, do mesmo modo, recrutar médicos da Europa de leste, América do Sul, Cuba ou África. 

Mas não o faz, provavelmente para não prejudicar interesses privados da saúde que, obviamente, lucram com o deficiente funcionamento do SNS e com o recrutamento gratuito de jovens médicos sem pagarem a formação.

Nunca entenderei porque jovens licenciados em medicina, não pagam aos impostos dos portugueses - por exemplo com empréstimo bancário, facilmente amortizável face aos elevados vencimentos que irão auferir - o montante investido na sua formação e do qual não irão ter qualquer contrapartida.


Ser eleito pelos votos dos portugueses para estar no governo a proteger interesses de negócios privados, à custa dos impostos pagos pelos próprios portugueses, parece-me de um cinismo imperdoável digno do período medieval.






Descaramento...!

Desde que a internet nasceu a banca terá sido o principal beneficiário das facilidades que esta trouxe. Desde tranferências de ...