Acordo, febril, com o estrondo das labaredas na tv, mais um incêndio florestal.
Ontem, ouvi alguém lamentar outro fogo, iniciado às 21h30, quando o sol já se punha e o calor diminuía.
Li que cerca de 85% dos incêndios são propositadamente provocados.
Os media focam-se nos fogos na UE e nos EUA, mas onde estão as reportagens sobre incêndios de grande magnitude na África, Rússia, China ou Índia?
A memória falha. As labaredas parecem serem exclusivas de regimes democráticos...
Outro barulho me incomoda, além da febre: o trânsito incessante na 2ª circular.
E então, um pensamento: por que incendiários, loucos, assassinos, com todas as suas paranóias, nunca arriscam atravessá-la?
Parece que planeiam e encobrem seus atos tresloucados, e nunca cruzam a 2ª circular.
Talvez entendam que no fogo-posto o risco é mínimo; as penas são brandas, reduzidas a metade, e como não têm recursos, não arriscam prejuízos.
Mas atravessar a 2ª circular significa arriscar a vida; se não morrem, provavelmente ficarão num hospital, com ossos quebrados.
A loucura tem limites, e esse limite é o castigo previsível.
As leis e sua aplicação são um convite à impunidade.
Castigo mínimo para terror máximo!
Como Edmond Burke disse:
"Para que o mal triunfe, basta que o bem nada faça."
E o "bem", em Portugal, parece trabalhar para que o mal triunfe.
Aparenta ser útil, mas parece consegui-lo apenas pela repetida generalização do mal.
Será mais "necessário" e quem representa o "bem" ganhará ainda melhor.
A inação diante da tragédia ecoa mais alto que o barulho das chamas.
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