O 25/04/74 trouxe ao país o salário mínimo (s.m.) obrigatório.
Será um valor tido como indispensável para sobrevivência digna de quem trabalha.
De então até hoje, o s. m. transformou-se numa bitola para avaliar a maior ou menor qualidade de qualquer outro salário.
(Excepto, claro, do salário máximo. Que não existe! Que sobe ao sabor da fantasia dos esquemas inventados por uma massa dirigente que o autodefine e justifica. Um país onde dirigentes empresariais apenas vêem o céu, como limite salarial. Os governantes, talvez pensando nos seus "amanhãs que cantam", "esquecem" moralizar hoje, o desplante dos que lhes vão trilhando caminho... ).
São conhecidos fortes movimentos reivindicativos em vários países da UE por melhoria dos respectivos salários mínimos. Por exemplo, em França, onde o s.m. é superior a 1.500€, trabalhadores conhecidos como "gilet jaunes" encontram-se em luta, há muitos meses e todos os fins-de-semana se manifestam fortemente.
Sabendo-se que os custos básicos são semelhantes em Lisboa e em Paris, o que motivará tão fortemente os "gilet jaunes"?
Um estudo comparativo sobre o preço dos bens não tão essenciais poderá ser a resposta: comprar ou alugar uma casa, o preço de um café, de uma cerveja, de uma refeição em restaurante, de um par de sapatos... Todos, em média, com preços superiores a 50% aos praticados em Portugal.
O problema que se depara aos salários mínimos mais elevados na Europa, não residirá tanto no custo dos produtos básicos (a nível de supermercado) mas, no custo dos produtos intermédios* lá, muito mais difíceis de alcançar do que cá, rasgando qualquer sonho de melhoria de qualidade de produtos consumidos a curto/médio prazo.
*https://www.expatistan.com/pt/custo-de-vida/pais/franca?currency=USD