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segunda-feira, 24 de abril de 2023

Civilizado ou submetido?

Cada um de nós gosta de se considerar civilizado. Proceder com gestos e atitudes que nos pareçam eticamente correctos sempre que em causa estejam situações de mútua convivência.

Porém, há dois tipos de pessoas com quem a deferência ou a cordialidade se mostram difíceis: Os que não foram despertados para tais princípios na juventude, e os que os conhecendo, pretendem do vizinho civilizado tirar partido.

Sentem-se normalmente no dia a dia pela infiltração forçada numa fila de trânsito, ao se fazerem acompanhar de crianças de colo visando prioridade de atendimento, os que navegam de trotinete aos pares e ignorando semáforos vermelhos, os que passeiam o cão "não reparando" este ter deixado um có-có no passeio onde muitos outros passam.

O civilizado, normalmente, nada diz ou faz perante estas crónicas situações e, muito menos qualquer força policial. Em consequência "os golpes" vão pagando e aumentando em número. Todos o sabem, todos os vêem. Todos viram a cara...

E aqui a questão: Até que ponto a civilidade pode ser confundida submissão?

O selvagem toma por cobardia a atitude civilizada. Foi isso que concluíram Putin e os seus apoiantes que, convictos da superioridade da sua força, face à aparente cobardia alheia, tentaram fazer prevalecer a sua vontade e interesse pessoal. 

Putin deu-se mal... Até quando?










segunda-feira, 17 de abril de 2023

Dívida pública portuguesa.

 

Hoje ouvi o Fernando Medina expôr a política financeira do governo, face às alterações circunstanciais dos últimos tempos: Desde a evolução da guerra, pandemia, inflação... foi-me claro o objectivo exposto:

Prioridade à redução da dívida pública (DP)!

E porquê? Porque se assim não fosse, este ano pagaríamos juros sobre mais 6.000 milhões (6 biliões) da dívida do que no ano passado.

Sem esmiuçar os roubos de 9.000 milhões de euros em 2006 do BPN - amigos do Cavaco, de 5.000 milhões do BES e dos 36 milhões atribuídos ao Sócrates e afins, tenho de recordar o valor da dívida pública em 2011, quando o Sócrates acaba de governar, 2015 quando "a bomba atómica da direita" Pedro Passos Coelho, deixa o governo e a previsão da percentagem da DP para 2023 hoje apresentada:

Dívida Pública Portuguesa 2010 - 100,2%; 2015 - 131,2%; 2023 - 107,5%.

Tenho para mim, atendendo ao valor do pib português em 2022, 205,7 biliões de euros, uma redução dos previstos 110,5% (226,27B) para 107,5% (220,09B), menos 3%, nos poupará umas largas centenas de milhões de euros em juros...

Num país de casos, casinhos, mexericos e outras minudências mediáticas diárias e constantes, esta resposta do governo mostra que entre governar e falar há uma diferença monumental, sendo que a governação se sustenta em números e a mediatização no éter dos sons.

Das aves canoras que vendem publicidade, diria eu...




 

sexta-feira, 14 de abril de 2023

Campainhas nas portas...?

 A cultura de um Povo será o conjunto de hábitos absorvidos por este durante gerações.

Cada geração terá dado o seu contributo.

A geração que educou aquela que agora termina a sua missão na Terra, entre outras coisas, habituou-se a ter, ouvir e responder a sons originados nas portas que dão acesso ao exterior. É verdade que nem sempre foram campainhas. Tempos houve, em que na porta de entrada de cada prédio era instalado um batente.


https://bfg.pt/batentes/batente-mao-em-ferro/#&gid=1&pid=1

Isso mesmo. Uma peça metálica presa a uma parte superior da porta e que, com o auxílio da gravidade e da força de quem pretendia entrar no prédio, subia e descia várias vezes, batendo num topo igualmente metálico colocado logo abaixo, tantas quantas o código - número de pancadas - combinado para cada apartamento.

Em resposta, o morador ia à janela que dava para a rua e via, ou não, quem tinha batido.

Com a invenção das campainhas eléctricas e dos fechos automáticos das portas dos prédios controlados por um simples botão, qualquer um passou a ter acesso ao interior dos edifícios, com o simples expediente de tocar para um qualquer ou vários andares, aguardar - não muito tempo - até um dos ocupantes, carregar no botão que comanda a fechadura da porta, após perguntar, três ou quatro vezes, sem sucesso, por um interfone: "quem é?"

Seguiram-se os vídeo-porteiro. Acresce que por força de terceiros ou crónico mau desempenho, avariam fácil e rapidamente. E todos nos recordamos de nos baterem à porta do apartamento representantes das mais variadas religiões, publicitários, mendigos...

Ora bem: Como todos os que me conhecem têm o meu número de telemóvel, mesmo os estafetas da Uber, para que servirão ainda campainhas e vídeos à porta dos prédios? Basta ligarem-me quando estiverem à minha porta da rua e receberei com muito gosto qualquer amigo ou conhecido.

Mas outros... não.



segunda-feira, 3 de abril de 2023

UTAO (unidade técnica de apoio orçamental)

Ouvi, com espanto, um parecer mediaticamente difundido, da utao.

Habituado a ouvir pareceres de qualquer coisa em qualquer momento, desde que mediaticamente convenientes, fui ao site da Assembleia da República (AR) tentar entender a que título a tal utao se expressava mediaticamente.

Certamente por incapacidade minha, não descortinei os estatutos da dita utao. 

Aparentemente será, apenas, mais um órgão da AR, uma vez não exibir estatutos próprios mas apenas uma descrição de funções*.

No mesmo momento político em que o governo havia decidido reduzir para taxa 0 o iva sobre alguns alimentos, a utao emite um comunicado que, entre outras coisas, diz que a anulação do iva não resolve qualquer problema...

Estranhei que tal comunicado não fosse emanado pelo presidente da AR, entidade máxima, portanto com autoridade para se fazer ouvir pelos media, em nome da AR. Os media invocavam a autoria da utao!

Mas onde estamos? 

Uma parcela da AR tem autonomia política para publicamente criticar uma decisão governativa? 

E nada acontece a quem assina esse comunicado? Ou a liberdade de imprensa já permite que qualquer coisa seja notícia, desde que mediaticamente conveniente?

O presidente da AR nada tem a dizer?

Enfim...

(Já agora: Tendo a utao atribuída a possibilidade de acompanhar e avaliar as parcerias público privadas, como o tem feito, qual a evolução e o ponto da situação?)


*https://www.parlamento.pt/OrcamentoEstado/Paginas/utao-sobre.aspx

sábado, 1 de abril de 2023

O emprego dos humanos.

Foi cerca de 1990 que senti pela primeira vez a dimensão do probabilíssimo impacto próximo da robótica.

Uma das minhas rotinas de trabalho - conseguida pelo olho humano embora com alguma margem de erro, após dois anos de treino dedicado - era agora substituída por um terminal PC com sensores periféricos, com muito maior precisão de avaliação e por forma constante, trabalhando 24h/dia, 30 dias/mês, 365 dias/ano, em vez das minhas 8 horas/dia... 

Sem incómodas paragens para fins-de-semana, feriados, férias, doenças ou recebimento de ordenados e subsídios de refeição bem como, formulação de reivindicações salariais...

Nada menos do que 15 a 25 postos de trabalho humano eram aí, potencialmente, substituíveis a prazo. 

E pouco tempo depois, foram-no.

Terá começado aqui a sobreprodução industrial, o enriquecimento disparatado com a inerente concentração de capital - 50% da população trabalhadora mundial menos remunerada, aufere tanto como como os 5% mais ricos - a precariedade e o fim do emprego humano tradicional, com consequências para financiamento dos estados e com sobrecarga dos esforços das seguranças sociais.

O que eu hoje consideraria a notícia do dia mas, que a maioria dos media não refere, e o jornal "Público" de 30-03-2023, relega para páginas interiores, dedicando-lhe aí um curto espaço num terceiro e último parágrafo encimado com a foto de um dos 5% mais ricos do globo, Elon Musk, diz: 

" No formato actual, a tecnologia (Chatgpt) deve causar uma "disrupção significativa" no mercado de trabalho, com o fim de 300 milhões de postos, segundo o relatório do banco Goldman Sachs. Segundo o documento, empregos que requerem muito trabalho físico correm menos risco. Por outro lado, trabalhos de escritório e de apoio administrativo têm a maior proporção de tarefas que podem ser automatizadas".

Porque será que uma imprensa que se diz livre, minimiza ou omite este tipo de alertas do maior interesse para a população trabalhadora e para o estado? De tal modo grave e impactante que o governo italiano nesse mesmo dia, bane o chatgpt do seu território, alegando embora motivos laterais.

O banco Goldman & Sachs é o maior banco global de investimento, credor das divisas que empresta a estados, que constitui parcial ou totalmente a dívida pública destes. Uma entidade a ter em conta e em cuidado...






sexta-feira, 31 de março de 2023

A ministra Marina.

De acordo com o CV da ministra Marina, ela tem 35 anos. Exerceu profissão de advogada estagiária e advogada, entre 2013 e 2015 após o que ocupou funções e cargos sempre ligados ao dr. Pedro Nuno Santos, sendo o último o de secretária de estado da habitação.

Nada tenho contra quem tenha como experiência profissional comum - não política - 2 anos de actividade.

Nada tenho contra um(a) ministro(a) com 35 anos de idade.

Mas tudo tenho contra quem consegue altos cargos da política ou do estado sem que para eles tenha sido nominalmente votado(a), sem que se conheça as linhas orientadoras da sua ação política específica ou sequer ser conhecido o seu pensamento político geral. 

Tudo tenho contra quem conduza um Porche 911 e se afirme, publicamente, de esquerda, demonstre a maior inabilidade política num alto cargo desempenhado, desde a antecipação ao primeiro-ministro em declaração histórica, promessas caríssimas, felizmente nunca concluídas, de investimento em linhas ferroviárias sem haver público conhecimento do seu virtuosismo.

Tudo tenho, ainda, contra o descontrole político e pessoal na nomeação de altos dirigentes do estado.

António Costa poderá sentir que tem dívida de gratidão partidária para com Pedro Nuno Santos. Mas a maioria dos eleitores portugueses votou apenas em Costa para formar governo e governar. 

Em mais ninguém!

Pedro Nuno Santos foi ministro, e outros o são,  por decisão de António Costa! 

E o desrespeito, ainda que aparente, por pilares sociais de quem o elegeu, é e continuará a ser responsabilidade eleitoral, exclusiva, de António Costa.

António Costa é, talvez, o mais capaz de todos os chefes de governo que conheci. Mas está escandalosamente mal apoiado por escolhas que pensa ter de fazer, para pagar dívidas e manter calmas as águas partidárias.

Impõe-se um murro na mesa!

Em nome de uma Democracia mais forte, consistente e madura. 

O país não pode ser um campo de treino para jovens inexperientes arvorados em ministros, por muito de esquerda e ambiciosos que se manifestem.





segunda-feira, 27 de março de 2023

Bancos, juros e... inadimplência.

Hoje aprendi mais uma palavra do léxico bancário. Inadimplência. Que eu conhecia como calote aos bancos...

O aumento dos juros parece provocar alguns inconvenientes aos bancos com os quais, regularmente, lidamos: 

1 - Aumento dos custos de captação, por terem de pagar mais a quem lhes coloca dinheiro: clientes e mercado financeiro. 

2 - Aumento do risco de inadimplência, os clientes podem não conseguir pagar. 

3 - Menor procura de empréstimos, por os juros serem mais caros. 

4 - Aumento de concorrência na procura de clientes. 

5 - Aumento de investimento em títulos de renda fixa, que se manterão, apesar do aumento dos juros.

Tudo isto nos bancos com os quais normalmente lidamos

Porém, os bancos de investimento, apenas ganham com a subida dos juros por não terem balcões, não lidarem com o público. 

O seu negócio é, principalmente, a dívida dos estados. E estes, sempre pagam. À custa de sacrifícios da população mas, pagam.

Será interessante verificar que todos os estados do mundo têm dívida pública, seja interna e/ou ao FMI (Fundo Monetário Internacional) e/ou ao Banco Mundial (BM) e/ou a bancos e instituições financeiras privadas.

Pensando melhor: As instituições financeiras, apenas com as dívidas dos estados - normalmente de várias dezenas ou milhares de milhão de euros - enriquecem fortemente, quando o mercado internacional de juros sobe, sem correrem os riscos dos bancos com quem normalmente lidamos, pelas razões acima descritas.

Não será por acaso que os presidentes do Banco Central Europeu (BCE) e do Federal Reserve System (FED), estão sempre a ver tensões inflacionárias algures para, claro, subirem juros em bloco e, teoricamente, reduzir a inflação. A prazo, claro.

Adivinhem quem tem o controlo da política dos estados by the balls...